terça-feira, 27 de setembro de 2011

Pegar, explorar, se jogar e seguir conhecendo....

Olha, eu estou me amarrando nesse lance de acompanhar cada avanço e as pequenas vitórias de Iara. Pequena pra quem? É, a gente não tem idéia de como deve ser difícil controlar nosso corpo, já que só lembramos dele já controlado... Não filha, são vitórias gigantes.

Mas então, esse mês a Iara começou a aprender a dominar seu corpinho. Interessante como quando nascem as mãos ficam passando descontroladas na frente do rosto, chamávamos de ventiladorzinho...ela usava bem esse artifício...rs, depois os braços ficam mais calmos, descobriu as mãos, descobriu as pernas, e ops...achou os pézinhos...esse mês teve a descoberta dos pés, ficou apaixonada pelos gorduxinhos...mas ainda não consegue colocar na boca...é a boca que as vezes vai até eles...aliás, tudo vai direto pra boca...tudo mesmo...

 

Rolar virou uma coisa simples, ela dorme de bruços e agora consegue se virar com um pequeno impulso, mas isso já deu muito trabalho...primeiro tinha que ficar jogando o corpinho...rs...e agora já está começando a se arrastar pra pegar coisas, embora não goste muito de ficar no chão...


Ela acorda uma vez pra mamar de madrugada e depois acorda cedo...é o despertador do pai dela...rs...sempre chora e é assim que corremos pra acudir, mas agora tem uma nova forma de nos avisar que acordou de manhã...ela acorda, fica um tempinho lá de boa...se ninguém chegar, ela dá uns gritinhos...quando a gente chega ela está tipo tartaruguinha ou se virou e está brincando com o móbile. Linda.

A linguagem está cada vez mais desenvolvida e a fala é uma graça...tem uma vozinha fofinha...rs...ainda está nas vogais e sons estranhos de boca fechada e é uma gritona...mas bate papos enquanto mama, enquanto brinca e quando não quer dormir....o sorriso, ah o sorriso, esse continua lindo e cada vez mais arregalado...mas quando ela quer observar as pessoas e ficar séria, é muito engraçado. Ela não da trela logo de cara...rs.

Muito durinha, ela já fica uns tempinhos sentadinha sozinha e se eu pegar ela pelos quadris ela fica bem firme...já consegue ficar sentada sem ajuda na banheira e na cama, mas na cama ela joga o corpinho pra frente e fica apoiada nas pernas...rs...folgadinha...

Dia desses fui varrer a casa e deixei ela sentada dentro da almofada de amamentar, quando voltei ela estava terminando de se jogar pra frente, ficou em posição de gatinho e se arrastou até pegar o chocalho de borboletas que estava ao lado dela....caraca, fiquei super emocionada de ver minha pequenininha daquele jeito...aprendendo a ganhar o mundo...ownnnnn....





Esse mês também foi bastante cansativo...a gengiva dela parece incomodá-la, está inchada e Iara ta babando muito, vive com a mãozinha ou as duas na boca...a nossa também ajuda e tudo mais que conseguir pegar ajuda a dar uma coçadinha, mas isso deixou a pequenina muito irritada, chorando de nervoso e pelejando ainda mais para não dormir, brigando com o peito, comigo....afff....me cansei e fiquei meio chateada...precisei respirar fundo algumas vezes pra não perder a paciência. Um domingo desses já beirava as 16h a Dinda Bia me ligou e disse : Cumadi, tudo bem?? Respondi: NÃAAAAAAAAAAAOOOOO....tô com fome, não tomei banho ainda, Iara não tomou banho ainda e ela não me deixa....[...], ela mais que depressa veio nos socorrer...cara, é muito difícil e dá muito trabalho cuidar de um bebezinho.

Mas ai depois de respirar tudo se acalma e lá vem ela com seu sorrisão lindo...


A bichinha troca os brinquedinhos de mão, pega eles em outros espaços....começou a entender os lugares....acompanha tudo com muita atenção e vai que vai.

Passeamos bastante e esse mês foi de iniciar as atividades políticas...rs...participei da conferência das mulheres e a pobrezinha rodopiou de mão em mão...rs, dia desses foi até reconhecida na rua... "Ei Iara" falou uma mulher desconhecida...eu fiquei estranha, mas ok deixei pra lá....ai ela veio falar comigo...."oi, você estava na conferência, né? Eu lembro de vocês" ...rs... Ok, ela sabia o nome da Iara...hahahaha.

Esse mês foi assim...aprimorar movimentos, rir bastante, ficar irritada com a gengiva, arrasar pela rua, mamãe babar, babar e babar...rs....

Dia desses reli um texto e também recebo boletins semanais de desenvolvimento dos bebês...e embora eu também ache que cada bebezinho é um serzinho com sua própria história e não dá pra ser rígido com isso de boletins...é interessante acompanhar o desenvolvimento e ver que ela faz tudo na fase prevista...é curioso porque seguimos uma linha de aprimoramento... o fato de ter várias amigas e amigos com filhotes...é, somos adultos...possibilita ver como os pequeninos são sagazes.

Sereia que é, adora um bainho.

domingo, 11 de setembro de 2011

Colo é uma delícia e faz bem

Uma mãe mandou esse texto pra lista e ele fala no geral sobre a cólica, mas sobretudo, sobre cuidado e carinho. Achei interessante e resolvi postar aqui, nem é pra justificar nada, porque de colinho pra Iara nós não abriremos mão, mas pode ajudar alguns a mudarem de idéia.

Sim, a Iara tem colo toda vez que quer, nós nem damos muito tempo pra ela reclamar, nós ficamos com ela no colo por gostar do corpinho pequenino coladinho no nosso, ela dorme na nossa cama e não tem ninguém que seja capaz de nos convencer que criança precisa chorar.



A cólica - Por Dr. González



Os bebês ocidentais costumam chorar bastante durante os primeiros meses, o que se conhece como cólica do lactente ou cólica do primeiro trimestre. Cólica é a contração espasmódica e dolorosa de uma víscera oca; há cólicas dos rins, da vesícula e do intestino. Como o lactente não é uma vesícula oca e o primeiro trimestre muito menos, o nome logo de cara não é muito feliz. Chamavam de cólica porque se acreditava que doía a barriga dos bebês; mas isso é impossível saber. A dor não se vê, tem de ser explicada pelo paciente. Quando perguntam a eles: “por que você está chorando?”, os bebês insistem em não responder; quando perguntam novamente anos depois, sempre dizem que não se lembram. Então ninguém sabe se está doendo a barriga, ou a cabeça, ou as costas, ou se é coceira na sola dos pés, ou se o barulho está incomodando, ou simplesmente se estão preocupados com alguma notícia que ouviram no rádio. Por isso, os livros modernos frequentemente evitam a palavra cólica e preferem chamar de choro excessivo na infância. É lógico pensar que nem todos os bebês choram pelo mesmo motivo; alguns talvez sintam dor na barriga, mas outro pode estar com fome, ou frio, ou calor, e outros (provavelmente a maioria) simplesmente precisam de colo.

Tipicamente, o choro acontece sobretudo à tarde, de seis às dez, a hora crítica. Às vezes de oito à meia-noite, às vezes de meia-noite às quatro, e alguns parecem que estão a postos vinte e quatro horas por dia. Costuma começar depois de duas ou três semanas de vida e costuma melhorar por volta dos três meses (mas nem sempre).
Quando a mãe amamenta e o bebê chora de tarde, sempre há alguma alma caridosa que diz: “Claro! De tarde seu leite acaba!”. Mas então, por que os bebês que tomam mamadeira têm cólicas? (a incidência de cólica parece ser a mesma entre os bebês amamentados e os que tomam mamadeira). Por acaso há alguma mãe que prepare uma mamadeira de 150 ml pela manhã e de tarde uma de 90 ml somente para incomodar e para fazer o bebê chorar? Claro que não! As mamadeiras são exatamente iguais, mas o bebê que de manhã dormia mais ou menos tranquilo, à tarde chora sem parar. Não é por fome.

“Então, por que minha filha passa a tarde toda pendurada no peito e por que vejo que meus peitos estão murchos?” Quando um bebê está chorando, a mãe que dá mamadeira pode fazer várias coisas: pegar no colo, embalar, cantar, fazer carinho, colocar a chupeta, dar a mamadeira, deixar chorar (não estou dizendo que seja conveniente ou recomendável deixar chorar, só digo que é uma das coisas que a mãe poderia fazer). A mãe que amamenta pode fazer todas essas coisas (incluindo dar uma mamadeira e deixar chorar), mas, além disso, pode fazer uma exclusiva: dar o peito. A maioria das mães descobrem que dar de mamar é a maneira mais fácil e rápida de acalmar o bebê (em casa chamamos o peito de anestesia), então dão de mamar várias vezes ao longo da tarde. Claro que o peito fica murcho, mas não por falta de leite, mas sim porque todo o leite está na barriga do bebê. O bebê não tem fome alguma, pelo contrário, está entupido de leite.

Se a mãe está feliz em dar de mamar o tempo todo e não sente dor no mamilo (se o bebê pede toda hora e doem os mamilos, é provável que a pega esteja errada), e se o bebê se acalma assim, não há inconveniente. Pode dar de mamar todas as vezes e todo o tempo que quiser. Pode deitar na cama e descansar enquanto o filho mama. Mas claro, se a mãe está cansada, desesperada, farta de tanto amamentar, e se o bebê está engordando bem, não há inconveniente que diga ao pai, à avó ou ao primeiro voluntário que aparecer: “pegue este bebê, leve para passear em outro cômodo ou na rua e volte daqui a duas horas”. Porque se um bebê que mama bem e engorda normalmente mama cinco vezes em duas horas e continua chorando, podemos ter razoavelmente a certeza de que não chora de fome (outra coisa seria um bebê que engorda muito pouco ou que não estava engordando nada até dois dias atrás e agora começa a se recuperar: talvez esse bebê necessite mamar muitíssimas vezes seguidas). E sim, se pedir para alguém levar o bebê para passear, aproveite para descansar e, se possível, dormir. Nada de lavar a louça ou colocar em dia a roupa para passar, pois não adiantaria nada.

Às vezes, acontece de a mãe estar desesperada por passar horas dando de mamar, colo, peito, colo e tudo de novo. Recebe seu marido como se fosse uma cavalaria: “por favor, faça algo com essa menina, pois estou ao ponto de ficar doida”. O papai pega o bebê no colo (não sem certa apreensão, devido às circunstâncias), a menina apoia a cabecinha sobre seu ombro e “plim” pega no sono. Há várias explicações possíveis para esse fenômeno. Dizem que nós homens temos os ombros mais largos, e que se pode dormir melhor neles. Como estava há duas horas dançando, é lógico que a bebê esteja bastante cansada. Talvez precisasse de uma mudança de ares, quer dizer, de colo (e muitas vezes acontece o contrário: o pai não sabe o que fazer e a mãe consegue tranquilizar o bebê em segundos).

Tenho a impressão (mas é somente uma teoria minha, não tenho nenhuma prova) de que em alguns casos o que ocorre é que o bebê também está farto de mamar. Não tem fome, mas não é capaz de repousar a cabeça sobre o ombro de sua mãe e dormir tranqüilo. É como se não conhecesse outra forma de se relacionar com sua mãe a não ser mamando. Talvez se sinta como nós quando nos oferecem nossa sobremesa favorita depois de uma opípara refeição. Não temos como recusar, mas passamos a tarde com indigestão. No colo da mamãe é uma dúvida permanente entre querer e poder; por outro lado, com papai, não há dúvida possível: não tem mamá, então é só dormir.

Minha teoria tem muitos pontos fracos, claro. Para começar, a maior parte dos bebês do mundo estão o dia todo no colo (ou carregados nas costas) de sua mãe e, em geral, descansam tranquilos e quase não choram. Mas talvez esses bebês conheçam uma outra forma de se relacionar com suas mães, sem necessidade de mamar. Em nossa cultura fazemos de tudo para deixar o bebê no berço várias horas por dia; talvez assim lhes passemos a idéia de que só podem estar com a mãe se for para mamar.

Porque o certo é que a cólica do lactente parece ser quase exclusiva da nossa cultura. Alguns a consideram uma doença da nossa civilização, a consequência de dar aos bebês menos contato físico do que necessitam. Em outras sociedades o conceito de cólica é desconhecido. Na Coreia, o Dr. Lee não encontrou nenhum caso de cólica entre 160 lactentes. Com um mês de idade, os bebês coreanos só passavam duas horas por dia sozinhos contra as dezesseis horas dos norteamericanos. Os bebês coreanos passavam o dobro do tempo no colo que os norteamericanos e suas mães atendiam praticamente sempre que choravam. As mães norteamericanas ignoravam deliberadamente o choro de seus filhos em quase a metade das vezes.

No Canadá, Hunziker e Barr demonstraram que se podia prevenir a cólica do lactente recomendando às mães que pegassem seus bebês no colo várias horas por dia. É muito boa idéia levar os bebês pendurados, como fazem a maior parte das mães do mundo. Hoje em dia é possível comprar vários modelos de carregadores de bebês nos quais ele pode ser levado confortavelmente em casa e na rua. Não corra para colocar o bebê no berço assim que ele adormecer; ele gosta de estar com a mamãe, mesmo quando está dormindo. Não espere que o bebê comece a chorar, com duas ou três semanas de vida, para pegá-lo no colo; pode acontecer de ter “passado do ponto” e nem no colo ele se acalmar. Os bebês necessitam de muito contato físico, muito colo, desde o nascimento. Não é conveniente estarem separados de sua mãe, e muito menos sozinhos em outro cômodo. Durante o dia, se o deixar dormindo um pouco em seu bercinho, é melhor que o bercinho esteja na sala; assim ambos (mãe e filho) se sentirão mais seguros e descansarão melhor.

A nossa sociedade custa muito a reconhecer que os bebês precisam de colo, contato, afeto; que precisam da mãe. É preferível qualquer outra explicação: a imaturidade do intestino, o sistema nervoso... Prefere-se pensar que o bebê está doente, que precisa de remédios. Há algumas décadas, as farmácias espanholas vendiam medicamentos para cólicas que continham barbitúricos (se fazia efeito, claro, o bebê caía duro). Outros preferem as ervas e chás, os remédios homeopáticos, as massagens. Todos os tratamentos de que tenho notícia têm algo em comum: tem de tocar no bebê para dá-lo. O bebê está no berço chorando; a mãe o pega no colo, dá camomila e o bebê se cala. Teria seacalmado mesmo sem camomila, com o peito, ou somente com o colo. Se, ao contrário, inventassem um aparelho eletrônico para administrar camomila, ativado pelo som do choro do bebê, uma microcâmera que filmasse o berço, um administrador que identificasse a boca aberta e controlasse uma seringa que lançasse um jato de camomila direto na boca... Acredita que o bebê se acalmaria desse modo? Não é a camomila, não é o remédio homeopático! É o colo da mãe que cura a cólica.

Taubman, um pediatra americano, demonstrou que umas simples instruções para a mãe (tabela 1) faziam desaparecer a cólica em menos de duas semanas. Os bebês cujas mães os atendiam, passaram de uma média de 2,6 horas ao dia de choro para somente 0,8 horas. Enquanto isso, os do grupo de controle, que eram deixados chorando, choravam cada vez mais: de 3,1 horas passaram a 3,8 horas. Quer dizer, os bebês não choram por gosto, mas porque alguma coisa está acontecendo. Se são deixados chorando, choram mais, se tentam consolá-los, choram menos (uma coisa tão lógica! Por que tanta gente se esforça em nos fazer acreditar justo no contrário?).

Tabela 1 – Instruções para tratar a cólica, segundo Taubman (Pediatrics 1984;74:998)
1- Tente não deixar nunca o bebê chorando.
2- Para descobrir por que seu filho está chorando, tenha em conta as seguintes possibilidades:
a- O bebê tem fome e quer mamar.
b- O bebê quer sugar, mesmo sem fome.
c- O bebê quer colo.
d- O bebê está entediado e quer distração.
e- O bebê está cansado e quer dormir.
3- Se continuar chorando durante mais de cinco minutos com uma opção, tente com outra.
4- Decida você mesma em qual ordem testará as opções anteriores.
5- Não tenha medo de superalimentar seu filho. Isso não vai acontecer.
6- Não tenha medo de estragar seu filho. Isso também não vai acontecer.

No grupo de controle, as instruções eram: quando o bebê chorar e você não souber o que está acontecendo, deixe-o no berço e saia do quarto. Se após vinte minutos ele continuar chorando, torne a entrar, verifique (um minuto) que não há nada, e volte a sair do quarto. Se após vinte minutos ele continuar chorando etc. Se após três horas ele continuar chorando, alimente-o e recomece.

As duas últimas instruções do Dr. Taubman me parecem especialmente importantes: é impossível superalimentar um bebê por oferecer-lhe muita comida (que o digam as mães que tentam enfiar a papinha em um bebê que não quer comer); e é impossível estragar um bebê dando-lhe muita atenção. Estragar significa prejudicá-lo. Estragar uma criança é bater nela, insultá-la, ridicularizá-la, ignorar seu choro. Contrariamente, dar atenção, dar colo, acariciá-la, consolá-la, falar com ela, beijá-la, sorrir para ela são e sempre foram uma maneira de criá-la bem, não de estragá-la.

Não existe nenhuma doença mental causada por um excesso de colo, de carinho, de afagos... Não há ninguém na prisão, ou no hospício, porque recebeu colo demais , ou porque cantaram canções de ninar demais para ele, ou porque os pais deixaram que dormisse com eles. Por outro lado, há, sim, pessoas na prisão ou no hospício porque não tiveram pais, ou porque foram maltratados, abandonados ou desprezados pelos pais. E, contudo, a prevenção dessa doença mental imaginária, o estrago infantil crônico , parece ser a maior preocupação de nossa sociedade. E se não, amiga leitora, relembre e compare: quantas pessoas, desde que você ficou grávida, avisaram da importância de colocar protetores de tomada, de guardar em lugar seguro os produtos tóxicos, de usar uma cadeirinha de segurança no carro ou de vacinar seu filho contra o tétano? Quantas pessoas, por outro lado, avisaram para você não dar muito colo, não colocar para dormir na sua cama, não acostumar mal o bebê?

Lee K. The crying pattern of Korean infants and related factors. Dev Med Child Neurol. 1994; 36:601-7
Hunziker UA, Barr RG. Increased carrying reduces infant crying: a randomized controlled trial. Pediatrics 1986;77:641-8
Taubnan B. Clinical trial of treatment of colic by modification of parent-infant interaction. Pediatrics 1984;74:998-1003

Do livro Un regalo para toda la vida- Guía de la lactancia materna, Carlos González.

Tradução: Fernanda Mainier
Revisão: Luciana Freitas

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

É preciso fazer escolhas


Motivada por uma discussão que volta e meia retorna na lista, a chupeta, resolvi escrever algumas coisas sobre nossas escolhas.

O fato é que tudo pode ter uma explicação razoável e pode ter seguidores ferrenhos, a ciência também muda de opinião com frequência e oscila em opostos, então acho que acima de qualquer coisa, pais informados, tomando decisões pelos seus filhos, devem ser respeitados. Claro, posso não concordar, posso até tentar convencer de outra opinião, mas preciso respeitar o direito do outro de tomar suas decisões, aliás, tenho que aplaudir por serem capazes de tomar decisões que as vezes vão de encontro ao que a maioria faz.

Aqui, nós fizemos algumas conversas sobre alguns assuntos, aceitamos algumas posturas mais comuns, mas também fomos duros em algumas decisões. É chato ver gente te olhando com cara de estranhamento, mas depois você pensa: "Ah, eu to segura do que to fazendo, então que olhem estranho". Penso coisa feia também...hahaha.

Assim foi quando optamos por dar o leite no "fingger" pra Iara. Ouvi gente dizer que era nojento a forma como fazíamos pra alimentar a pequenina. Duro né?!? Pois é. Uma profissional que nos acompanhava me perguntou se eu não achava que o fingger tinha a mesma função que a chuquinha, respondi pra ela. Olha, pode até ter, mas nós preferimos dar o nosso corpo (dedo) como forma de interação, carinho, enfim.... Ela pensou uns segundo e me disse: "Nossa, nunca tinha pensado nisso". Tem gente que numa ocasião dessas escolhe a chuquinha por n motivos. Que seja, mas pode ser diferente.

Ela teve suas crises de cólicas, tentamos segurar só com massagens, carinhos e calma. Não deu, precisamos de remédios. Lá pra uma certa altura pensamos: Porque pode remédio industrial e não pode chá? Resolvemos dar cházinho.

Chupeta ou dedo? Também fizemos esse questionamento sobre problemas com a dentição, sobre a higiene, a duração do vício, o controle do vício e incrivelmente chegamos a uma definição contrária a do uso do  fingger, era melhor dar uma borracha. Ponderamos que o dedo é muito mais difícil de controlar a higiene (mão no chão, dedo na boca), o vício (pessoas chupam dedos por mais tempo), a dentição tem problema com o uso dos dois mesmo. Compramos uma chupeta nova, que a parte que fica na gengiva é 6x mais fina que as demais, que é macia, que o movimento pra chupar é semelhante ao de mamar, e tudo e tal... e o que ela fez, odiou. Para nossa sorte, ela não gosta da chupeta e não chupa mais dedo...coloca a mãozinha toda na boca aparentemente pra coçar os dentinhos e passou dessa fase de sucção desvairada...rs.

Um belo dia colocamos ela pra dormir de bruços, numa tentantiva de melhorar o sono que estava leve e assustado e voilà ela dormiu feito um anjo. Tentamos colocar de barriga pra cima e ela acordava várias vezes, de bruços e sono profundo. Decidimos deixar de bruços. Quando contei pra pediatra, ela teve um treco e disse que de jeito nenhum podíamos deixar ela dormir assim. Oh não, lá fomos nós pesquisar coisas e coletar opiniões. Nessa noite ela dormiu de bruços, mas nós, mal pregamos o olho...ponderamos mais um bucado e assim pensamos. Veja, há alguns poucos anos atrás a posição mais indicada para evitar morte de bebês durante o sono era exatamente de bruços. A ciência mudou de opinião, mas a Iara gosta de dormir assim, dorme beeeem melhor assim. Embora eu tente colocá-la de outro jeito, é de bruços que ela dorme melhor. Não ficamos mais psicopatas olhando de minuto em minuto, mas ela usa um travesseirinho furadinho (que se regurgitar, não fica acumulado) e ficamos atentos aos barulhinhos a noite. Cuidado, o mesmo que teríamos de qualquer jeito, mas assusta um pouco a forma como é colocado pra gente.

Por sorte a pediatra de Iara é uma médica que não é da via que da logo uns remédinhos pra resolver, ela observa e acalma. Ela explicou que os sintomas pra bebês são sempre muito parecidos, por isso é importante observar cada detallhe. Nós gostamos muito disso, porque remédios não fazem bem pra nosso corpo, quem dirá pra o de um bebê.

É preciso acreditar e estar seguro do que se faz porque é uma responsabilidade e tanto decidir cada coisinha na vida de uma pessoa. Mas não tem jeito, é uma coisa que precisa ser feita com muita tranquilidade, porque não é um brinquedo, é de verdade e tem implicações. 

Embora possa te parecer estranho alguns comportamentos e decisões, não faça cara de nojo, escute, debata e considere que existem vários caminhos. Principalmente se você estiver lidando com uma grávida ou uma recém parida, você pode provocar danos emocionais graves. Segure a língua e faça diferente quando for sua vez, se é que vai querer ter vez. Pronto falei.

E a nós, pais ativos, cabe assumir as posições e decisões tomadas, buscar as informações sempre, pois elas mudam demais e seguir a vida, cada dia uma nova tarefa, um novo acontecimento e pode ter uma decisão a ser tomada. Não tenho medo de defender nossas escolhas e quero que elas sejam respeitadas. Um dia a Iara pode discordar de tudo o que fizemos, mas saberá que foi na maior das vontades de acertar e foi com convicção.