quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Dilema materno

A chegada da Iara me deixou um pouco confusa...rs...agora eu pondero, pondero mais um pouco e decido...ai pondero mais um pouquinho e ops...mudei de opinião...hahahahaha.

Assim está a difícil temática do trabalho. Eu, que não estava trabalhando quando descobri a gravidez, passei toda a gestação em casa curtindo o barrigão...curti mesmo, mas também fiquei um tanto nervosa com a situação...não por estar em casa, mas  porque eu quase nunca dependi do dinheiro de outros pra tocar minhas coisas e Thiago não é uma pessoa que faça questão de separar dívidas e ganhos e tals....sempre juntamos tudo por aqui, mas fazia falta ter um pouco mais de autonomia, não comprar tudo de bonitinho que eu via pelas lojas (num ponto isso foi ótimo, por que não exagerei...rs..), enfim a falta de rotina fora de casa me fez um pouco de falta na gravidez...eu gosto de psicar no trabalho, escrever coisas e projetos até tarde da noite, isso me distrai...de fato eu sou uma capricorniana e a questão não era exatamente dinheiro, era trabalhar. Sendo uma Alice isso foi ótimo pra que Iara tivesse um pouco de calmaria durante sua temporada na barriga da mamãe.

Passei a gravidez esperando algo rolar, mas beleza, em algum momento eu percebi que não tinha mais jeito...que o mundo ainda é machista (inclusive meus companheir@s) e ninguém empregaria uma grávida, afinal, rapidamente eu deixaria o trabalho e isso seria um enorme desperdício de tempo, dinheiro e tals....preciso dizer que isso me deixou muito magoada, perceber e sentir o preconceito das pessoas...sobretudo daquelas que deveriam combatê-lo me deixou um tanto quanto chateada...mas eu supero, sempre supero. 

Depois que minha pequenina nasceu, eu estava totalmente entregue...e de verdade, acho que fazia tempo que eu não me entregava de corpo e alma pra alguma coisa, assim foi com a maternidade...eu sou mãe, tenho curtido ser mãe e sempre estou em busca de algo que possa tornar essa tarefa mais fácil, mais divertida, prazerosa e memorável.

Mas....tempo desses uma amiga disse que me indicaria pra um trabalho, isso iniciou o processo de loucura na minha cabeça...Thiago e eu conversamos e resolvemos juntos que não, eu não trabalharia antes que Iara completasse seus 6 meses...já passamos por uma amamentação tão complexa que não queria atrapalhar ainda mais...nem queríamos deixar nossa bizuzu sem a gente tão novinha...rs...É, tem muito dengo nessa coisa toda....

Ok, decisão tomada...conversei com essa amiga (super amiga, aliás posso seguramente afirmar que essa é amiga) e ela muito objetiva me disse: "olha, essa coisa de separar uma hora vai chegar hein?!?"  Tá...mas não seria aquela hora, pensei com minhas teclas...rs.

Ai, outro dia cogitou-se outra possibilidade....lá fui eu com cara de "preciso de ajuda" pro Thiago...(ele concorda, apóia e argumenta favorável de tudo que eu decido nesse tema...rs, por isso que acho que to enlouquecendo ele também). Mas então...como agora ela já está perto de fazer 6 meses, comecei meio que a reavaliar essa decisão...rs e ai pensamos sobre ficar até ela fazer 1 ano.

Mas qual é o problema todo de ir trabalhar se tantas pessoas fazem isso, né mesmo? Pois é, eu nunca fui e agora sou menos ainda as outras tantas pessoas...

Ponderamos um tanto sobre acompanhar o desenvolvimento da pequenina passo a passo, sobre educar, cuidar dentro uma lógica e cultura de mundo que a gente acredita, sobre ela ter mais autonomia pra estar em ambientes com outras pessoas o dia inteiro (me arrepia a idéia de uma outra pessoa ensinando minha filha a ouvir música de gosto duvidoso...rs...dando comida de forma estranha..., por isso, babá não está nos planos de jeito nenhum). 

Ta, ta, ta...ela não vai viver numa bolha, nem vai ficar trancada em casa comigo, fazendo e conhecendo só o que eu quero...não, não é isso. Não se trata de ser superprotetora, mas ser um pouco mais presente. Só gostaríamos de participar mais do processo de formação dessa pessoinha aqui.

Mas ai logo em seguida vem um outro lado que quer sair, trabalhar, se estressar, reclamar do trabalho, reclamar de trabalhar tanto, ter férias e claro...ter dinheiro. Outra coisa que tem me pesado bastante para voltar a lida é que ficar tanto tempo fora dos circuitos não é bom. 

Conversei esse fim de semana com uma outra amiga que está na mesma situação e estamos nos mesmo dilemas: Sair? Se sair, sair quando? Se ficar, ficar até quando? Quando voltar, como será?

Bom, como não posso ficar protelando e depois resolver num piscar de olhos, afinal não se trata só de mim, mas do Thiago e da Iara...então enquanto não rola uma aportunidade eu vou pesquisando berçários, organizando a introdução alimentar, tentando me preparar...tudo pra que essas coisas práticas sejam minimizadas e que haja menos sofrimento possível.

Eu queria mesmo era descobrir uma habilidade secreta que me possibilite ficar em casa fazendo essa coisa e cuidando da Iara, bom se alguém tiver uma idéia, uma assessoria, algo assim...to aqui...posso mudar de idéia novamente...rs.

O fato é que pra hoje eu poder fazer essa ponderação toda sobre ir ou não ir, muitas mulheres tiveram que deixar seus filhos recém nascidos em creches, com babás, com outros filhos, com parentes...se virar pra ir pro trabalho, pra garantir esse espaço na sociedade às mulheres. Garantindo que hoje muitas mulheres possam dar uma pausa na carreira para engravidar, cuidar dos filhos e de casa sem que isso signifique perda de autonomia, pelo contrário, signifique a retomada por parte da mulher do poder de ser mãe e ao mesmo tempo ter profissão, opinião política e sem contudo se sentir frustrada por fazer essa pausa, porque ela é uma opção...ou não, afinal nós temos autonomia!

Opção de amor, de cuidado, de educação diferenciada e quer saber...até de custo...

Bom, estou me sentindo uma maluca que cada hora decide uma coisa....e por isso resolvi agora por último que vou cuidar dessas praticidades, para caso haja uma oportunidade eu possa sair sem me maltratar...mas se nada rolar...eu também não vou sair colocando curriculum por ai desesperadamente.

Difícil demais essas coisas...