sábado, 4 de junho de 2011

Sereias também mamam!

Mostrando pros papais como se faz.

Resolvi escrever minha experiência com a amamentação, ou os problemas com ela, porque durante minhas dificuldades me confortou muito encontrar relatos que se assemelhavam ao meu caso. Não se trata de ficar feliz com a dificuldade alheia, mas é que saber que isso acontece com outras (muitas outras) mulheres, nos conforta, relaxa, anima e da idéias. Relaxar é inclusive o ponto fundamental pra que tudo dê certo.

Existem algumas coisas que são fundamentais pra garantir um bom processo para a mamãe e pro filhote:

  • Informação: O tema é controverso, tem milhares de abordagens e opiniões. Então é preciso que se tenha acesso a muitas coisas. Até porque o que deu certo comigo, pode não dar com você e ai é hora de tentar outra coisa;
  • Atenção e carinho: O puerpério é uma fase complicada de acertos dos hormônios e a ansiedade pode nos deixar maluquinhas, então o carinho dos que nos cercam é necessário pra garantir a nossa sanidade;
  • Paciência: É uma coisa de persistência mesmo, então é importante ter paciência, até pra garantir segurança pro filhote e não deixá-lo traumatizado com o processo;
  • Vontade: É...precisa ter vontade, defendo que as mulheres sejam autônomas sobre seus corpos e se ela não tem vontade e tem informações, melhor que não seja por obrigação, não vai ser prazeroso pra ninguém, e;
  •  Apoio: Sentir-se amparada é fundamental. Então as listas temáticas, grupos de apoio, blogs, páginas...são ferramentas legais.


Eu tive e tenho todas essas coisas ai de cima, mas mesmo assim não está sendo fácil.

Iarinha nasceu dia 25/04 e desde a maternidade tive dificuldades em amamentá-la e lá mesmo começaram as divergências do tema. Um dos pediatras nos disse que era pra acordá-la pra dar de mamar, já o outro disse pra deixar dormir um pouco mais por conta da reserva de glicose...eu digo: Acorde.

Meus seios tinham bicos rasos (as diferentes formas de bicos, não são impedimentos para a amamentação, a criança formará o bico necessário para que ela abocanhe), mas ela teve dificuldade na pega.

Tipos de mamilos[1]











Insisti pra que ela mamasse só no peito e era uma guerra só, ela não abocanhava, mas com muita paciência eu tentei pelos primeiros 15 dias, mesmo com ela se esgoelando durante as tentativas, ela chorava, chorava, encostava no meu peito e dormia. Quando na consulta veio a notícia que me deixou perplexa. Minha filha que nasceu com 3.140, havia perdido 1k. A pediatra entrou com o complemento, 30ml de 2 em 2 horas. Isso me deixou louca, naquela dúvida do limite entre a insistência e a saúde do seu filho. Isso virou um grande empecilho para minha perseverança, fica sempre aquele medo de deixar a pequena com fome. Hoje sei que quando percebi que ela estava tendo muita dificuldade, já deveria ter me orientado e usado outra forma de dar a ela o meu próprio leite pra garantir que ela estivesse alimentada.

Bom, fiz de tudo pra não dar as benditas mamadeiras e acabei usando a sonda, porém com o dedo, Finger Feeding[2], porque ela não pega no peito de jeito nenhum ainda.  Essa forma de alimentá-la ajudou muito na recuperação de peso da pequenina, mas é preciso ter cuidado porque ela acaba simulando um bico também e só deve ser usada quando não há outra forma que tenha dado certo.


Finger Feeding



Papai fazendo finger feeding na Iara

Visitei o banco de leite[3] por diversas vezes e algumas coisas que aprendi, agradeço às enfermeiras, mas senti um pouco de receio por parte de algumas em investir numa ação mais direta com a gente.

Tomei chá[4], fiz massagens, bico de silicone, concha, bombinhas de diferentes tipos, “shake das africanas”, usei o spray nasal, tentei, tentei e tentei...

Pensei em desistir algumas vezes, mas não sou do tipo que desisti sem tentar todas as possibilidades e faltava alguma coisa, eu sabia. Quando um dia estava realmente pra desistir, uma amiga insistiu que eu fizesse a relactação ou translactação. Bom, pra não dizer que eu desisti sem tentar isso...vamos lá...pensei.

Não é fácil de fazer, mas vale muito a pena. Depois de todas as tentativas, agora estamos tentando a relactação.

Relactação ou translactação[5]




Mamãe fazendo relactação. Usei uma chuquinha pra ajudar e funcionou. Assim fica fácil e da pra fazer sozinha.
 
Alterei posições[6] para tentar deixar a Iara mais confortável, mas nada disso era nosso problema, portanto, não ajudava. Uma semana depois da relactação a Iara permaneceu com o mesmo peso, fiquei intrigada com isso, ai que a enfermeira do banco de leite do HPM notou que ela ficava com a língua pra cima ao tentar abocanhar o seio. Por isso não sugava, por isso se irritava, por isso não mamava e ali estava nossa dificuldade. Nosso encaminhamento é procurar uma fonoaudióloga, mas lá mesmo recebi orientações de alguns exercícios[7].

Ontem consegui uma conversa com uma Pediatra especialista em aleitamento e ela foi muito tranqüila em me dizer que esperássemos a consulta com a fono para depois tomarmos alguma decisão, mas que também era preciso saber a hora de parar. Aquilo me entristeceu, mas de certa forma me acalmou também. Por que realmente tentei de um tudo pra garantir essa amamentação.

Na nossa conversa, entendi que deve existir um limite pra garantir a saúde do bebê e sobretudo da mamãe. Não faz nenhum bem uma mãe deprimida. Mas é claro que é importante fazer as tentativas, insistir, ter paciência e dar um pouco de tempo.

03 de junho - Primeira mamada de verdade da Iarinha
Cheguei em casa ontem (03/06) e coloquei - a no peito pra fazer mais uma tentativa, já esperando que fosse mais do mesmo, não estava disposta a deixar que ela se desgastasse, afinal toda caloriazinha gasta por ela é peso que ela não ganha e até perde, nesse momento ela precisa ganhar peso e recuperar nosso tempo “perdido”. Qual não foi minha surpresa?!? Com 39 dias de vida a Iara sugou e mamou por longos 10 minutos...rs...fiquei extremamente feliz com nosso progresso e recebi uma injeção de ânimo na nossa batalha. Amanhã temos visita a Pediatra e terça a Fonoaudióloga e seguimos forte na nossa caminhada.

Continuo dando o complemento porque antes de cortar o LA (leite artificial) preciso garantir o aumento da produção do meu leite, mas coloco a pequena no peito sempre antes de uma complementação para ela ir treinando cada vez mais e pra fazer mais leitinho aqui.

Um abraço especial aos entusiastas do meu processo e pras meninas do Materna Matrice[8], grupo que me deu dicas importantes e me garantiu apoio.

Bom, o fato é que é importante ter paciência mesmo, essa é nossa experiência na amamentação da pequena Iara, estamos em pleno andamento e desenvolvimento. Além de compartilhar nossa história, espero ajudar algumas mamães por ai.










[2] Finger Feeding - Significa alimentando com o dedo e pode-se ler mais nesse blog:

[3] Encontre aqui o Banco de Leite mais perto de você: 

[5] Tenha mais detalhes sobre a técnica da relactação aqui: 

[7] Na tabela 1 desse trabalho tem o tipo de disfunção e alguns exercícios:

[8] Blog do Materna Matrice: 

2 comentários:

  1. Parabéns pra você e pra sua linda filhinha! Muita força e determinação! Vocês estão no caminho certo!
    Econtrar pessoas como você deixam o meu dia mais alegre! Parabéns mais uma vez !!!

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  2. É Grazi esses são os desafios da maternidade, um labirinto de descobertas....força e persistência.....fé

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